O que é o câncer de traqueia
A traqueia é um tubo essencial para a respiração, conectando a boca e o nariz aos pulmões. Quando células desse tecido crescem de maneira descontrolada, pode surgir um tumor na região. O câncer de traqueia é uma condição rara e, em muitos casos, seus sintomas podem ser confundidos com outras doenças respiratórias, como asma e bronquite, atrasando o diagnóstico.
Os tumores podem ser primários, quando se originam diretamente na traqueia, ou secundários (metastáticos), quando se espalham de outros órgãos, como pulmão, esôfago, tireoide ou laringe. Nos adultos, os tumores primários tendem a ser malignos, enquanto em crianças são, na maioria das vezes, benignos.
Independentemente da origem, a maioria desses tumores compromete a passagem do ar, causando um estreitamento da traqueia e impactando a respiração do paciente.
Tipos de câncer de traqueia
Tumores malignos
Os tumores malignos da traqueia podem crescer rapidamente e se espalhar para outras áreas do corpo. Os principais tipos incluem:
- Carcinoma de células escamosas – O mais comum, associado ao tabagismo, afeta principalmente homens entre 50 e 70 anos.
- Carcinoma adenoide cístico – Cresce lentamente e se espalha ao longo da traqueia, podendo afetar homens e mulheres entre 40 e 60 anos. Diferente do carcinoma escamoso, não está relacionado ao tabagismo.
- Tumor carcinoide – Raro, tem crescimento lento e se origina nas células do sistema endócrino e nervoso, podendo afetar a traqueia e outras regiões do corpo.
Tumores benignos
Os tumores benignos da traqueia são menos agressivos, mas podem comprometer a respiração e necessitar de intervenção médica. Entre os principais tipos estão:
- Condroma – O mais comum entre os tumores benignos traqueais, formado por células cartilaginosas. Em alguns casos, pode evoluir para um tumor maligno.
- Hemangioma – Surge a partir dos vasos sanguíneos e pode afetar crianças e adultos. Quando presente no pescoço ou rosto de bebês, pode se estender para a traqueia, causando dificuldades respiratórias.
- Papilomas – Associados ao vírus do papiloma humano (HPV), esses tumores podem ser únicos ou múltiplos e, em casos raros, sofrer transformação maligna.
Sintomas do câncer de traqueia
Os primeiros sinais da doença costumam ser discretos e podem ser confundidos com condições respiratórias comuns. Entretanto, a persistência dos sintomas exige investigação médica. Entre os principais sinais de alerta estão:
- Falta de ar e chiado no peito sem melhora com tratamento para asma ou bronquite;
- Tosse crônica, com ou sem sangue;
- Rouquidão e dificuldade para engolir, sugerindo compressão do esôfago;
- Infecções respiratórias frequentes e recorrentes;
- Respiração ruidosa ou com sons ofegantes.
Diagnóstico do câncer de traqueia
O câncer de traqueia pode ser difícil de diagnosticar devido à sua raridade e semelhança com outras doenças respiratórias. Para confirmar a presença de um tumor, o médico pode solicitar exames como:
- Tomografia Computadorizada (TC) – Produz imagens detalhadas da traqueia e dos órgãos vizinhos, avaliando o tamanho e a localização do tumor.
- Broncoscopia – Um exame que permite visualizar diretamente a traqueia e coletar amostras para biópsia, utilizando um tubo flexível com câmera na ponta.
- Broncoscopia virtual – Alternativa à broncoscopia convencional, gera imagens computadorizadas da traqueia sem a necessidade de inserção de um tubo.
- Teste de função pulmonar – Mede a capacidade respiratória e pode indicar se há obstrução na traqueia.
Tratamento para o câncer de traqueia
O tratamento do câncer de traqueia depende do tipo, tamanho e estágio do tumor. As principais abordagens incluem:
- Cirurgia – É a principal opção terapêutica, sempre que possível. A remoção do tumor melhora significativamente os sintomas e a qualidade de vida. A sobrevida em cinco anos é de cerca de 50% para pacientes operados, enquanto aqueles que não podem ser submetidos à cirurgia apresentam taxas mais baixas de sobrevida. A cirurgia pode não ser indicada quando o tumor compromete uma grande extensão da traqueia ou quando há metástases distantes.
- Radioterapia – Indicada para tumores que não podem ser operados ou que invadiram outras áreas do tórax. Pode ser usada isoladamente ou após a cirurgia, especialmente no caso de carcinomas adenoides císticos.
- Radiação de feixe externo – Procedimento ambulatorial, realizado diariamente, que pode causar fadiga e irritação na pele.
- Braquiterapia – Técnica que utiliza sementes radioativas implantadas temporariamente próximas ao tumor para destruir as células cancerígenas.
- Quimioterapia – Apesar da falta de estudos específicos sobre seu uso no câncer de traqueia, a quimioterapia baseada em cisplatina pode ser utilizada em combinação com a radioterapia para tratar tumores inoperáveis.
Prevenção e cuidados
Embora não exista uma forma específica de prevenção para o câncer de traqueia, alguns fatores podem ser controlados para reduzir o risco da doença:
- Parar de fumar – O tabagismo é o principal fator de risco para o carcinoma de células escamosas, o tipo mais comum de câncer traqueal.
- Monitoramento de lesões benignas – Pólipos, hemangiomas e condromas devem ser acompanhados regularmente para evitar crescimento excessivo ou transformação maligna.
- Atenção aos sintomas persistentes – Tosse crônica, chiado no peito e dificuldades respiratórias não devem ser ignorados, especialmente em fumantes ou pacientes com histórico de câncer na região do tórax.