O neuroblastoma é um tipo de câncer que acomete principalmente as crianças menores de 5 anos, incluindo recém-nascidos e bebês em fase de amamentação. É a terceira neoplasia mais comum na infância e na adolescência, atrás apenas da leucemia e dos tumores do sistema nervoso central.
No Brasil, o neuroblastoma corresponde a de 8% a 10% dos casos de tumores infantojuvenis e tem prevalência anual de aproximadamente 7,3 casos/milhão de crianças, por estes dados também é conhecido como Neuroblastoma infantil. No mundo, a frequência dos diagnósticos da doença varia de 7 a 12 casos/milhão de crianças. Mais de 80% dos casos são em menores de cinco anos de idade. Nos lactentes (bebês em fase de amamentação), é o câncer mais comum, considerado a malignidade mais frequente no primeiro ano de vida.
Trata-se de uma neoplasia originada do sistema nervoso simpático, e seu comportamento clínico é bastante heterogêneo, podendo evoluir desde casos de baixo risco, em que até a remissão espontânea é possível, até casos extremos, denominados alto risco, em que ocorre uma rápida progressão, podendo ser fatal se não assistido adequadamente.
A doença pode se originar em qualquer local do sistema nervoso simpático, sendo que cerca de 80% se desenvolvem no abdômen. Em geral, surge nas glândulas adrenais, localizadas na parte superior do rim, e pode atingir dimensões suficientes que determinam aumento do tamanho do abdômen. Mas pode surgir em outras localizações, como as regiões cervical, torácica e/ou pélvica, seguindo o trajeto de toda a cadeira do sistema nervoso simpático.
Sintomas e sinais de neuroblastoma
Os sintomas do neuroblastoma variam de acordo com a localização do tumor.
Pacientes com doença localizada na área em que o câncer se originou podem ser relativamente assintomáticos na fase inicial, enquanto que naqueles com doença metastática podem se manifestar febre, emagrecimento, dor e irritabilidade, além de palidez.
A disseminação pode ocorrer via linfática ou hematogênica para linfonodos, medula óssea, ossos, fígado, pele, órbitas, dura mater e, raramente, para pulmões e sistema nervoso central. Nesse grupo, podem surgir as equimoses periorbitárias (conhecidas como sinal de Guaxinim), devido à infiltração tumoral do tecido ao redor do olho e dos ossos, além de febre, anemia ou sangramentos, devido à infiltração da medula óssea pelo tumor. Outros sintomas incluem dor óssea, coxear, paralisia, hepatomegalia/aumento do fígado (síndrome de Pepper) e exoftalmia/saliência anormal do globo ocular (síndrome de Hutchinson).
Em lactentes ocorre um padrão de metástase diferente, caracterizada por nódulos subcutâneos e/ou infiltração hepática difusa com hepatomegalia associada à infiltração de medula óssea menor que 10%2. Esses casos se usa a denominação “S”, de especial (special, em inglês)
O local mais frequente de ocorrência do neuroblastoma é o abdômen, determinando distensão abdominal associada a dor e massa palpável, o que chama muito a atenção do pediatra. Nesses casos, faz-se necessário avaliar imediatamente, com ultrassom, o tamanho dessa massa, sua localização exata e o acometimento de outras estruturas. Aumento do fígado pode levar a um quadro de insuficiência respiratória, principalmente em lactentes.
O neuroblastoma torácico tem como sintomas massas mediastinais na região posterior do tórax.
Em casos de tumores paravertebrais, pode haver fraqueza nos membros. Também é importante atentar para sinais de compressão medular, como paraplegia aguda e subaguda, disfunção intestinal ou urinária ou dor radicular. Esse quadro é considerado emergência médica e requer internação e tratamento imediatos.
Diagnóstico de neuroblastoma
O diagnóstico do neuroblastoma é baseado na avaliação histológica do tecido tumoral por meio de microscopia ótica, com imuno-histoquímica, ou presença de células tumorais no material aspirado da medula óssea/da biópsia da medula óssea associada ao aumento de catecolaminas urinárias ou séricas (ou seus metabólitos).
Também devem ser realizado exames de imagem do tumor inicial, por meio de ultrassom e tomografia ou ressonância magnética. A cintilografia MIBG e a análise medular para identificar metástases são indispensáveis.
Existem situações em que o neuroblastoma pode crescer ainda no feto, antes de a criança nascer. Nesses casos, o tumor pode ser identificado nos exames pré-natais, por meio da ecografia. Ocorrendo esse diagnóstico, já pode ser fornecido o seguimento clínico adequado para depois do nascimento do bebê.
Uma vez diagnosticado, o paciente portador de neuroblastoma é examinado individualmente para que se determine seu estadiamento, ou seja, se a doença é apenas localizada ou se já está disseminada. Também é importante avaliar se o tumor afeta as funções de outros órgãos.
Estadiamento Internacional para Neuroblastoma (INSS)
O INSS – sigla em inglês para Sistema de Estadiamento Internacional para Neuroblastoma – é o sistema utilizado para determinar o estágio em que a doença se encontra. São eles:
– O tumor não pode ser completamente removido por cirurgia e cruzou a linha média (definida como a coluna vertebral), para o outro lado do corpo. Pode ou não se espalhar para os linfonodos próximos;
– O tumor ainda está na área onde surgiu, e em apenas um lado do corpo. Já se disseminou para os linfonodos do lado contralateral do corpo; e
– O tumor está no meio do corpo, invade os dois lados e não pode ser completamente removido por cirurgia.
Tratamento para o câncer neuroblastoma
O tratamento do paciente com neuroblastoma é individualizado e definido de acordo com o estádio e as características clínicas e biológicas da doença, além dos dados histopatológicos. Leva-se em conta também a classificação de grupo de risco em que a criança se encontra para determinar a linha a ser seguida.
A classificação de grupo de risco de câncer neuroblastoma foi criada pelo Children’s Oncology Group e é dividida da seguinte maneira:
Pacientes identificados como grupo de baixo risco são encaminhados para tratamento local com cirurgia. Eventualmente, esses pacientes também recebem quimioterapia com doses baixas e período curto.
Os que se encontram em risco intermediário têm indicação de quimioterapia sistêmica associada à cirurgia.
E os de alto risco recebem tratamento intensivo com quimioterapia, seguida de cirurgia, transplante autólogo de medula óssea, radioterapia e uso de ácido retinoico e imunoterapia.
O paciente deverá prosseguir com o acompanhamento ambulatorial ao longo dos anos, com exames clínicos e radiológicos nos primeiros anos, para detectar e controlar possíveis recaídas da doença.
Depois de cinco anos de controle, o retorno é anual e com o objetivo de detectar sequelas pós-tratamento. Esses efeitos tardios podem incluir perda de audição, problemas ortopédicos (escoliose, principalmente), alterações hormonais (como hipotireoidismo), retardo no crescimento, infertilidade, problemas neurológicos, psicológicos e emocionais. Menos frequentemente, o desenvolvimento do segundo câncer.
Prevenção
Não existe uma maneira de prevenir ou evitar o neuroblastoma, uma vez que suas causas são desconhecidas e não há fatores ambientais ou exposições maternas que possam ter influência na ocorrência da doença principalmente em casos de Neuroblastoma infantil.
Mande um e-mail
atendimento@medclinica.com.br
Entre em contato
(21) 2742 – 6454